Cuidados básicos na cozinha e cautela em relação à alimentação fora de casa são essenciais para a
prevenção do quadro.

O calor típico do verão torna difícil conservar bem os alimentos, mesmo na geladeira, criando o ambiente ideal para a proliferação de vírus e bactérias. Isso aumenta os casos de intoxicação alimentar, especialmente nessa estação. Os sintomas comuns incluem cólicas, náuseas, diarreia e desidratação. A prevenção está na atenção redobrada com o que ingerimos. A seguir, confira as recomendações de especialistas em nutrição, infectologia e gastroenterologia, ouvidos pelo Estadão.

O Que é Intoxicação Alimentar?

Intoxicação alimentar, também chamada de gastroenterite aguda, é uma inflamação do estômago e intestinos. Ela ocorre após a ingestão de alimentos ou bebidas contaminados por micro-organismos ou toxinas liberadas por eles. A gastroenterite pode ser viral, geralmente causada por rotavírus, ou bacteriana, envolvendo bactérias como Salmonella e E. Coli.

De acordo com o gastroenterologista Paulo Barros, cirurgião do aparelho digestivo no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a intoxicação alimentar é mais comum durante o verão, especialmente devido às toxinas liberadas por bactérias após a proliferação em alimentos mal armazenados.

Sintomas e Riscos

Os principais sintomas incluem cólicas, náuseas, vômito, fraqueza, febre e diarreia. Segundo a infectologista Maria Luísa Moura, gerente médica do Hospital Vila Nova Star, os sintomas geralmente desaparecem em poucos dias. No entanto, a intoxicação alimentar causa a perda de líquidos e eletrólitos, podendo evoluir para desidratação. Isso é mais perigoso para crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas, destacando a importância da prevenção.

Principais Causas e Formas de Contaminação

Sandra Chemin, nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo, explica que a contaminação cruzada é uma das principais causas de intoxicação alimentar. Isso ocorre quando bactérias de alimentos in natura, utensílios ou superfícies contaminadas são transferidas para outros alimentos. Exemplos comuns incluem o uso de utensílios sujos para preparar alimentos crus ou a armazenagem inadequada de alimentos no mesmo recipiente.

Outros erros frequentes incluem:

  • Armazenar alimentos de diferentes origens juntos.
  • Colocar materiais contaminados sobre superfícies de preparo.
  • Abrir a geladeira desnecessariamente e manter a porta aberta.
  • Utilizar alimentos fora da validade ou não higienizar adequadamente a geladeira.
  • Descongelar alimentos à temperatura ambiente, em vez de na geladeira ou micro-ondas.
  • Não higienizar bem vegetais que serão consumidos crus.

Como Evitar a Intoxicação Alimentar

Maria Luísa destaca a importância da higiene ao manusear alimentos, com lavagem das mãos, limpeza dos utensílios e atenção ao tempo que os alimentos ficam à temperatura ambiente. A nutricionista Sandra Chemin ressalta que cozinhar bem os alimentos é essencial, pois as bactérias patogênicas se multiplicam em temperaturas acima de 45 ºC, enquanto mofos e leveduras não sobrevivem a temperaturas superiores a 37 ºC.

Em locais fora de casa, evite consumir alimentos de origem duvidosa ou preparados em condições precárias de higiene, especialmente frutos do mar. Além disso, carregar álcool em gel é uma ótima medida para higienizar as mãos quando não houver acesso a água ou sabão.

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